Mulher-Maravilha (2017) | Preview

12:00:00


Matheus R. B. Hentschke

"Não importa o que você faça, você nunca conseguirá agradar a todos", disse Gal Gadot em entrevista à Interview Magazine, no ano de 2015, a respeito das incontáveis críticas que vinha sofrendo desde o anúncio de que ela interpretaria a Mulher-Maravilha no vindouro Batman vs Superman: A Origem da Justiça. "O que quer que faça, eu levo bastante a sério, faço as minhas pesquisas e dou o meu melhor", continuava respondendo humildemente Gadot que havia sido julgada como incapaz de protagonizar um papel de tamanho peso não por causa de sua possível inaptidão enquanto atriz, mas sim pelo fato de não possuir os atributos físicos necessários, visto que era considerada excessivamente magra para uma personagem conhecida pelo seu físico mais robusto. Mesmo sendo a Miss Israel e tendo uma vasta carreira como modelo, a comunidade de fãs não deu sossego à atriz, até então, mais conhecida pela sua participação na franquia Velozes e Furiosos. Isso ocorreu cerca de um ano antes de sua estreia em Batman vs Superman.


Após o dia 24 de março de 2016, data de estreia do filme, tudo virou. Zack Snyder, diretor do filme que colocou os maiores heróis da história se digladiando, caiu em descrédito junto a um público incrédulo com uma obra de montagem fragmentada e de narrativa excessivamente pretensiosa para alguns. Ben Affleck, com seu Batman experiente e alquebrado, rasgou elogios nunca vistos em toda sua carreira como ator. O mais relevante, entretanto, foi a única unanimidade em um filme que dividiu a crítica especializada e os fãs de maneira quase inédita: Gal Gadot interpretando uma mulher sábia e poderosa, digna das melhores aparições da Mulher-Maravilha nas histórias em quadrinhos. 

Segundo o The Guardian, "ela foi a melhor coisa no filme"; o The Wrap disse que ela sozinha "injetou alguma real vitalidade na lodosa e repetitiva onda de filmes de super-heróis"; a Forbes disse que "nós só conseguimos o suficiente da Mulher-Maravilha para ficar com a sensação de querer mais". Com tantos reviews positivos acerca de seu trabalho, nem mesmo os que foram outrora mais exigentes em relação ao casting da atriz israelense de 31 anos puderam negar o vigor e a aura de realeza passados por ela. Até mesmo, sua beleza retornou a ser elogiada e seus atributos físicos novamente celebrados, como é possível ver em uma entrevista dada a Jimmy Kimmel por uma irônica e bem-humorada Gal Gadot, que comenta sobre tal questão esdrúxula:




Mulher Maravilha salvará o Universo Cinematográfico da DC?


Passado o susto com a recepção pouco amistosa acerca de Batman vs Superman, chegou a vez de estrear mais uma obra dos personagens da DC Comics, só que agora apresentando os vilões da editora: Esquadrão Suicida. Com um hype que só aumentava a cada trailer revelado, o filme que mostraria a conturbada relação entre Coringa (Jared Leto) e Arlequina (Margot Robbie) e que contaria a história do grupo de presos que cumpriam missões para o governo, a fim de diminuir suas sentenças, acabou sendo massacrado pela crítica e pelo público, conseguindo apenas 26% de aprovação no Rotten Tomatoes, site agregador de reviews.

Além disso, o site ainda traz o famoso "consenso entre os críticos" descrito como: "Esquadrão Suicida ostenta um elenco talentoso e um pouco mais de humor que as obras anteriores do Universo Cinematográfico Expandido da DC, mas isso não é o suficiente para salvar o resultado final decepcionante advindo de um enredo confuso, de personagens rasos e de uma direção agitada". Realmente, nada inspirador para o futuro dos filmes da DC que dava o seu pontapé inicial enquanto universo compartilhado naquele ano de 2016. 

Entretanto, o que tudo isso teria a ver com o vindouro filme da Mulher-Maravilha? Simplesmente tudo. Em uma conta rápida, é notório que nenhum projeto desse chamado universo compartilhado da DC Comics nos cinemas tenha tido uma aceitação sequer razoável por parte dos espectadores ou por parte da crítica. Sem dúvidas, há sim no Warner Bros. Pictures uma preocupação com tais resultados, comprovado na notícia saída há alguns meses, em que David Ayer, diretor de Esquadrão Suicida, dizia que existiam seis ou sete versões do filme e que uma delas foi a versão dos cinemas - saiba mais - mostrando a visível falta de uma diretriz clara a ser trilhada para esse conjunto de filmes inspirados na editora das estrelas dos quadrinhos.


Tendo isso em mente, recai sobre Mulher-Maravilha toda a responsabilidade de finalmente produzir uma obra que seja o mais próximo de um consenso acerca de sua qualidade. Tanto fãs, quanto os espectadores em geral precisam abraçar de vez esse projeto de heróis da Warner, caso contrário a responsabilidade será jogada, mais uma vez, para a próximo película, no caso, Liga da Justiça (Zack Snyder, 2017) com estreia prevista para 16 de novembro no Brasil - confira mais informações - chegando ao ápice da descrença e podendo culminar na derradeira diluição do conceito de um Universo Cinematográfico Expandido da DC (UCEDC). Tal paradigma, poderá gerar uma mudança de rumos nas diretrizes da empresa comandada por Kevin Tsujihara, que possivelmente cogitará com mais atenção a opção de realizar projetos de menor orçamento e de classificação indicativa para maiores, fato visto e bem-sucedido na Fox com Deadpool e Logan (confira a crítica).

Antes de considerar essa mudança no futuro próximo da Warner Bros. quanto as suas produções relativas a super-heróis, é preciso pautar um fator crucial que irá alterar todo o rumo da DC nos cinemas antes de uma mudança de paradigmas mais radical como o realizado pela Fox: a presença de Geoff Johns como diretor criativo do UCEDC. Recentemente, na WonderCon, Johns afirmou que os filmes do estúdio precisam ter "mais sentimento, humor e heroísmo", complementado que os próximos filmes serão mais "otimistas e esperançosos". Aliando essa declaração, aos novos anúncios dos filmes As Sereias de Gotham que será dirigido por David Ayer e Batgirl que será dirigido por Joss Whedon saiba mais ambos protagonizados por personagens femininas, é nítida a grande urgência de emplacar com celeridade as produções da DC, e Mulher-Maravilha é o mais próximo no calendário do estúdio e aquele que mais aponta para o que Johns pretende trazer para o futuro da editora nos cinemas, ou seja, focar em um núcleo de personagens femininos em um tom mais bem-humorado. Se depender da diretora de Mulher-Maravilha, Patty Jenkins, o tom e as inspirações por ela assinaladas realmente parecem confirmar a influência de Johns, creditado como um dos roteiristas da película. Confira o que disse Jenkins ao Heroic Hollywood sobre Mulher-Maravilha:

"Acredito que tinha aspectos divertidos em ambos aqueles filmes (Batman vs Superman e Esquadrão Suicida), mas nós definitivamente fomos por um caminho de fazer um longa divertido. Sempre me baseei em Superman I e Indiana Jones. Eu queria fazer um filme clássico, onde você está rindo e você está apaixonado pelos personagens que estão vivenciando uma grande aventura. Definitivamente é em busca desse filme que trabalhamos."

Confira o primeiro e o segundo trailer de Mulher Maravilha:





Diretora Patty Jenkins no Comando




Para lidar com essa missão de risco, há um grupo poderoso por trás do filme que trará a primeira super-heroína protagonizando um projeto solo, a começar pela diretora Patty Jenkins. A cineasta, conhecida por Monster - Desejo Assassino (2013) em que a atriz Charlize Theron ganhou seu Oscar de Melhor Atriz, possui uma filmografia sucinta, além de poucos trabalhos em séries diversas. Contudo, basta ouvi-lá em uma entrevista sobre seus projetos e especialmente sobre sua visão para Mulher-Maravilha para compreender a força pessoal existente na diretora.

"Então, eu tive minha primeira reunião com a Warner Bros. em 2004. Eles disseram: "Ei, nós estamos interessados em trabalharmos juntos. O que você quer fazer?" Eu disse, "Mulher-Maravilha. Eu quero fazer Mulher Maravilha"", conta Patty Jenkins em entrevista ao SlashFilm. "Eu quase fiz Thor (filme do Marvel Studios) e vi para onde foi. A história foi para um caminho onde eu não sentia que era a diretora certa para aquilo." Referindo-se sobre suas idas e vindas na indústria e no gênero de super-heróis até aceitar o projeto em que está atualmente. Com a saída de Michelle MacLaren, devido a "diferenças criativas" da direção de Mulher-Maravilha, Patty Jenkins foi chamada ao posto, ao que ela disse sobre esse convite da Warner Bros.: " Eles queriam fazer exatamente o que eu queria todos esses anos, que era uma honesta história de origem." 




Ao que verdadeiramente será, ao trazer Diana Prince (Gal Gadot) ainda jovem na Ilha de Temyscira, habitada pelas suas companheiras Amazonas, tais como sua mãe, a Rainha Hyppolyta (Connie Nielsen) e sua tia, a General Antiope (Robin Wright). O que acontecerá para abalar esse local isolado do mundo exterior é a chegada do soldado militar americano Steve Trevor (Chris Pine), que cairá com seu avião, devido ao seu envolvimento na Primeira Guerra Mundial. Quando Diana encontra Trevor e descobre sobre os horrores dos eventos que estão em andamento no mundo dos homens, a Princesa Amazona decide sair de seu lar para findar a guerra. O principal inimigo a ser enfrentado pela protagonista, discretamente revelado por informações externas e pelo trailer, será Ares, o deus da guerra, em inspiração evidente aos trabalhos de George Pérez e de Brian Azzarello nos quadrinhos, com suas vertentes calcadas na mitologia grega. De acordo com Patty Jenkins, "Ares é o maior vilão do universo da Mulher-Maravilha, então se você quer começar com grandiosidade, é preciso mostrar o maior inimigo", confirmando a importância de Ares no longa.

Confira o trailer final de Mulher-Maravilha:







Elenco "Girl Power"



Para dar peso a esse enredo, há um elenco que abraça o conceito do tão comentado empoderamento feminino, com atrizes experientes e competentes como Robin Wright e Connie Nielsen, estrela da acalmada série House of Cards e do premiado Gladiador respectivamente. Não haveria como, entretanto, existir esse projeto sem a presença de um alicerce fundamental, visto hoje na presença de Gal Gadot. Antes considerada imprópria para o papel, agora Gadot é praticamente a personificação da Princesa Amazona tanto em sua presença física, quanto em seu charmoso sotaque israelense. 

Além disso, a atriz/modelo parece de fato compreender sua personagem e o momento vivido por ela no filme que se passará no início do século XX, como é possível observar em uma entrevista dada ao Entertainment Weekly: "Eu sinto que Diana é realmente acessível. É muito fácil de se relacionar com ela. Ela tem um coração humano, por isso ela pode ser emocional, curiosa e compassiva, ela ama pessoas. E então ela tem poderes de uma deusa. Ela é toda para o bem, luta para o bem, acredita na grandiosidade. Eu quero ser ela e, em Mulher-Maravilha, há uma inocência nela. Não é uma tolice, é algo mágico. Eu gostaria de ser inocente como ela novamente".



Confira o bate-papo do elenco de Mulher-Maravilha na San Diego Comic-Con do ano passado. Imperdível:




Além dessas informações, você pode acessar esses dois links para saber mais: as polêmica e as respostas da diretora. Deixe nos comentários sua expectativa para o primeiro filme solo de uma super-heroína nos cinemas. Mulher-Maravilha tem estreia prevista para 1
º de junho de 2017 no Brasil.

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