Esquadrão Suicida: Chute na Cara | Crítica
22:07:00
Matheus R. B. Hentschke
Chute na Cara, apresenta a sinopse corriqueira do Esquadrão: um grupo de criminosos, a fim de abater suas penas, realizam missões para o governo, sempre com nanobombas implantadas em suas cabeças para evitar à deserção. O núcleo inicial formado por Pistoleiro, Arlequina, Aranha Negra, Tubarão-Rei, Diablo, Voltaico e Savant já mostra de início que tem as características necessárias para que o conceito original dessa equipe funcione: o fato de cada membro ser descartável e passível de morte.
Além disso, um estilo mais gore aparece frequentemente, como
na cena inicial de tortura sofrida pelo grupo e algumas mortes a sangue frio
que dão a hq o tom correto.Tal ideia é acrescida ainda mais com um recurso
usado por Adam Glass (Supernatural e Cold Case), o fato de as nanobombas não
poderem ser ativadas apenas a distância, mas também por um timer já
pré-estabelecido antes de cada missão, trazendo uma corrida contra o tempo
análoga à de filmes como O Preço do Amanhã.
Nesse aspecto, a hq já começa com um pé à frente de sua respectiva obra cinematográfica, visto que o elenco formado por atores de altos cachês não está presente e a sensação de real vulnerabilidade existe a todo o momento. Spoiler Alert: Nesse quadrinho não tem nenhum Amarra, em que as campanhas de marketing já gritavam a respeito da nulidade do personagem e da sua morte precoce.
Nesse aspecto, a hq já começa com um pé à frente de sua respectiva obra cinematográfica, visto que o elenco formado por atores de altos cachês não está presente e a sensação de real vulnerabilidade existe a todo o momento. Spoiler Alert: Nesse quadrinho não tem nenhum Amarra, em que as campanhas de marketing já gritavam a respeito da nulidade do personagem e da sua morte precoce.
Com certeza, os personagens são a alma dessa história em quadrinho e a falta de uma no respectivo filme, já que as relações construídas nessa hq apresentam coerência e timing corretos, em que vilões são vilões, não sendo atenuados a meros anti-heróis. O Pistoleiro, por exemplo, faz o necessário para acabar a missão seja ao trair seus companheiros, seja ao ser o mais frio para abater a sua pena e encontrar a sua filha. No filme, ele apresenta devaneios heróicos e resolve salvar o dia para servir de exemplo a sua filha, fato que quebrou a verossimilhança interna da história.
Mas, não me interprete mal, o filme tem sim personagens com enorme potencial, mas que, por decisões superiores, acabaram por ocultar suas reais facetas, ao não mostrar toda a sua vilania. O Coringa, o problema-síntese do filme, virou um mero gângster afetado e sem a sua real maldade e apreço pela dor que todos esperavam ver em tela; já na hq, é bem elaborado tanto os personagens do esquadrão, quanto o Palhaço do Crime, em sua breve aparição, que acaba por deixar o leitor com uma dúvida: será que se David Ayer conseguisse entregar o filme que ele queria - saiba mais - não teria mais estofo como nessa hq? Creio que sim.
Outra forte reclamação da película foi o enredo, que além de não ter coragem de mostrar personagens desempenhando a sua real função de vilões, também possuía uma trama frágil e genérica. Entretanto, na hq, Adam Glass consegue, mesmo sem criar antagonistas inesquecíveis, acertar ao entregar uma história bem encadeada em que edição após edição os problemas enfrentados pela equipe somente se avolumam e em que sucessivos links instigam o leitor em proceder com a sua leitura.
Em resumo, se você estava empolgado com o filme do Esquadrão Suicida e quando assistiu pensou que poderia ser melhor, essa hq é para você. Aqui realmente a promessa se concretiza e até mesmo personagens que deram certo nas telas de cinema, como a Arlequina, aqui são melhor desenvolvidos. É impossível terminar essa leitura sem dar uma boa risada de alguma loucura da mais popular palhaça do crime. Altamente recomendável.
Nota: 7,0 / 10
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